quinta-feira, 3 de outubro de 2013

As Grandes Dionisíacas



Na Grécia Antiga destacam-se três grandes festivais em honra de Dionísio (deus do vinho e da fertilidade): as Dionisíacas Rurais, que se celebravam a meio do inverno para pedir ao deus que favorece-se a fertilidade das terras; as Leneias, que decorria em janeiro, festa do vinho, com danças, representações líricas e dramáticas; e a Grande Dionisíaca ou Dionisíaca Urbana, celebrada em Atenas.
O verdadeiro mentor das Grandes Dionisíacas foi Pisístrato que, no ano de 534 a.C., adaptou e enriqueceu um dos rituais a Dionísio que se tornará exclusivo da cidade de Atenas. Será, pois Pisístrato quem vai imbuir as Grandes Dionisíacas do espírito de competição, desta feita, competição dramática.
Estas festas em nome de Dionísio, realizadas quando a vinha desponta (Março), tinham a duração de seis dias e visavam aplacar as forças da natureza. As festividades eram encaradas com tanto zelo que os seus preparativos chegavam a ser feitos com quase um ano de antecedência.              
Foram estas festas que deram origem ao teatro, na altura entendido como uma manifestação cívica e religiosa - no século VI a.C, os coros e danças com que se homenageava o deus, evoluíram para verdadeiras representações teatrais que ocupavam os últimos 3 dias das celebrações. Em Atenas, os mais altos magistrados da cidade – o arconte epónimo e o arconte-rei – preparavam as representações. Começavam por designar os Coregos – cidadãos ricos que o estado encarregava de recrutar, manter e equipar, à sua custa, os coros trágicos e cómicos.
Os poetas participantes tinham de solicitar um coro. O arconte escolhia o ator principal que tinha à sua ordem os atores de segundo e terceiros papéis. Todos os papéis femininos eram protagonizados por homens.
Todos os candidatos eram alvo de uma apresentação geral que se realizava no Odeon.
Odeon de Péricles
 As representações começavam de manhã, pouco antes do alvorecer e duravam até ao pôr-do-sol – num total diário de 4 ou 5 peças. Nas Grandes Dionisíacas eram 4 dias seguidos de representações!
Teatro de Dionísio
Teatro de Dionísio-reconstituição
Doravante, todas as representações teatrais tinham lugar no santuário de Dionísio. Nestas festas estava associada a competição ao culto e ao sagrado. Os autores de todo o mundo grego concorriam com uma trilogia (3 peças) que eram representadas e depois julgadas por um júri que escolhia o vencedor (a quem era atribuído um prémio pecuniário e uma coroa de hera e, como sinal de reconhecimento, o seu nome era inscrito nos registos de honra da cidade). Destes “concorrentes” destacaram-se Ésquilo, Sófocles e Eurípides, com as suas tragédias, bem como Aristófanes, com a comédia.
As tragédias, como obedeciam a um fim religioso e cívico, tinham conteúdo moral e sublinhavam a sujeição do homem aos deuses e aos seus desígnios. As comédias, mais “leves”, ridicularizavam a vida pública, incitando ao riso e à boa disposição.
Um cortejo solene transportava a estátua do deus para o recinto do teatro.
Todos os teatros gregos eram instalados ao ar livre, geralmente nas vertentes de uma colina que sustentava os degraus do teatron, os quais fechavam a orquestra circular, onde o coro evoluía em torno do altar de Dionísio. 
As peças eram representadas ao ar livre, num espaço semicircular que aproveitava o sopé de uma encosta. Os espectadores sentavam-se em bancadas dispostas em forma de degraus e assistiam às cenas representadas na parte inferior do referido espaço.
Na orquestra os atores, homens, eram, normalmente, três e usavam diferentes máscaras que variavam de acordo com o género das peças. O coro cantava, dançava e dialogava com os atores durante a peça, era conduzido por um corifeu.
Ao fundo da orquestra elevava-se a cena, separando as duas existia um pórtico com colunas que constituía a decoração de um palácio ou templo.

Embora não pudessem ser atrizes, as mulheres podiam assistir às representações (agrupavam-se nos lugares mais altos).
Apesar do caráter religioso da festa, o público manifestava-se ruidosamente: aplaudia, assobiava, batia os pés.
No final do concurso procedia-se à avaliação e à atribuição de prémios: em cada categoria eram atribuídos 3 prémios – ao poeta, ao corego e ao protagonista – prémios que eram simples folhas de hera; só os vencedores dos ditirambos recebiam uma trípode. Obviamente havia honorários.

Imagens retiradas de:
 http://teatroincrivel.blogspot.pt/2012/09/estrura-do-teatro.html
 http://www.europaenfotos.com/atenas/pho_atenas_23.html
 sombrasdetinta.blogspot.pt/2012/05/la-acropolis-vii-el-teatro-de-dionisio.html
 http://www.maquettes-historiques.net/page169.html

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

As Panateneias



   AS PANATENEIAS eram as festividades celebradas em honra da deusa Atena. 
    As Pequenas Panateneias realizavam-se em Julho, durante dois dias e tinham um caráter cívico, uma vez que, também davam glória à cidade e uniam o povo ateniense. Na realidade as Panateneias celebram a fundação da cidade e a glória da sua deusa: Atena.
   De 4 em 4 anos eram celebradas as Grandes Panateneias, festividades de  solenidade marcante que contavam com a presença de gente de toda a Grécia.
   Ao longo dos quatro dias que duram as Grandes Panateneias a deusa Atena é honrada com concursos musicais, danças, provas desportivas (nos concursos ginasiais, que comportavam principalmente, corrida de archotes, os atletas vencedores recebiam azeite das oliveiras sagradas de Atena) que culminam num enorme cortejo que, saindo do Bairro "Cerâmico", atravessava o centro de Atenas, para conduzir solenemente à Acrópole o peplo (manto), bordado todos os anos por jovens escolhidas entre as melhores famílias, que se destinava a vestir a deusa Atena. Uma vez chegado, o longo cortejo, à Acrópole, sacrificavam-se, diante do templo de Atena, quatro bois e quatro carneiros, depois no altar em frente do Pártenon, eram degoladas tantas vacas quantas fossem necessárias para alimentar todos os presentes.

Este cortejo foi soberbamente retratado, por Fídias, no friso do Pártenon:
As Tecedeiras do Peplo
Cavaleiros
Oferendas
O Peplo
Deuses assistindo ao cortejo
Sacrifícios
Plantas de Atenas em  http://www.venalmundoclasico.com/cultura_clasica/grecia_atenas/panateneas_1.html

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Festividades Cívico-religiosas em Atenas



As festas religiosas e cívicas eram particularmente numerosas em Atenas (Péricles classifica-as também como distrações da cidade).
Algumas das festividades Atenienses
Mês
Festividade
Deus
Hecatómbeu
(julho)
Crónias
(banquete que assinala o final da ceifa)
Crono
Sínoiquia
(celebra a unidade da Ática e o poder Ateniense)

Panateneias
(grandes festividades em honra da deusa da cidade)
Atenas
Metagítnio
(agosto)
Metagítnias

Boedrómio
(setembro)
Mistérios de Elêusis
Apolo
Boedrómias
(em honra de Apolo Boedrómio, o que auxilia no combate, eram realizados sacrifícios e cortejos)
Apolo
Pianépsio
(outubro)


Pianépsias
(festa das sementeiras na qual era oferecido ao deus um prato de favas e vários outros legumes misturados com farinha de trigo, depois levavam, em cortejo, um ramo de oliveira envolvido em lã e carregado dos primeiros frutos)
Apolo
Oscoforias
(cortejo de adolescentes transportando ramos de videira carregados de cachos, seguido de sacrifícios e libações, finalizando com danças e corridas)
Dionísio
Tesmofórias
(participam apenas as Atenienses casadas celebrando ritos que favoreciam as sementeiras e a fecundidade)
Deméter
Apatúrias
(sacrifícios e banquetes onde eram apresentados os filhos dos cidadãos nascidos ao longo desse ano, imolavam ovelhas ou cabras)
Zeus e Atena
Calqueias
(homenagem dos trabalhadores de diferentes ofícios mediante oferendas especialmente executadas para a deusa)
Atena
Memactério
(novembro)
Memactérias

Posídon
(dezembro)
Haloas
(participam apenas mulheres numa cerimonia que pretende preservar as sementes que irão germinar na terra)
Deméter e Posídon
Dionisíacas Rurais
(cortejo campestre)
Dionísio
Gamélion
(janeiro)
Gamélias
(Celebração do amor)
Zeus e Hera
Leneias
(festa do vinho, com danças, representações líricas e dramáticas)
Dionísio
Antestério
(fevereiro)
Antestérias
(concursos…também de bebedores)
Dionísio
Cloias
Deméter
Diasias
Zeus
Elafebólio
(março)
Grandes Dionisíacas
(grandes representações teatrais)
Dionísio
Muníquio
(abril)
Muníquias
(grande cortejo com oferendas)
Artémis
Targélio
(maio)
Targélias
(grande festa da purificação)
Apolo
Plintérias
(festa do banho da deusa, com cortejo e oferendas)
Atena
Esquirofório
(junho)
Esquirofórias
Deméter, Core e Posídon
Dipólias
(sacrifício de um boi de trabalho)
Zeus
Arretofórias
(ritos praticados por raparigas)
Atena


A organização do culto era feita pelos cidadãos incumbidos dessa função (os Arcontes e outros magistrados escolhidos para o efeito). Para os gregos eram deveres cívicos: fazer oferendas, manter os templos e custear as festas religiosas.