Na
Grécia Antiga destacam-se três grandes festivais em honra de Dionísio (deus do
vinho e da fertilidade): as Dionisíacas Rurais, que se celebravam a meio
do inverno para pedir ao deus que favorece-se a fertilidade das terras; as Leneias, que decorria em janeiro, festa
do vinho, com danças, representações líricas e dramáticas; e a Grande Dionisíaca
ou Dionisíaca Urbana, celebrada em Atenas.
O
verdadeiro mentor das Grandes Dionisíacas foi Pisístrato que, no ano de 534
a.C., adaptou e enriqueceu um dos rituais a Dionísio que se tornará exclusivo
da cidade de Atenas. Será, pois Pisístrato quem vai imbuir as Grandes Dionisíacas
do espírito de competição, desta feita, competição dramática.
Estas
festas em nome de Dionísio, realizadas quando a vinha desponta (Março), tinham a
duração de seis dias e visavam aplacar as forças da natureza. As festividades
eram encaradas com tanto zelo que os seus preparativos chegavam a ser feitos
com quase um ano de antecedência.
Foram
estas festas que deram origem ao teatro, na altura entendido como uma manifestação
cívica e religiosa - no século VI a.C, os coros e danças com que se homenageava
o deus, evoluíram para verdadeiras representações teatrais que ocupavam os
últimos 3 dias das celebrações. Em Atenas, os mais altos magistrados da cidade
– o arconte epónimo e o arconte-rei – preparavam as representações. Começavam
por designar os Coregos – cidadãos ricos que o estado encarregava de recrutar,
manter e equipar, à sua custa, os coros trágicos e cómicos.
Os
poetas participantes tinham de solicitar um coro. O arconte escolhia o ator
principal que tinha à sua ordem os atores de segundo e terceiros papéis. Todos
os papéis femininos eram protagonizados por homens.
Todos
os candidatos eram alvo de uma apresentação geral que se realizava no Odeon.
Odeon de Péricles |
As
representações começavam de manhã, pouco antes do alvorecer e duravam até ao pôr-do-sol
– num total diário de 4 ou 5 peças. Nas Grandes Dionisíacas eram 4 dias
seguidos de representações!
Doravante,
todas as representações teatrais tinham lugar no santuário de Dionísio. Nestas
festas estava associada a competição ao culto e ao sagrado. Os autores de todo
o mundo grego concorriam com uma trilogia (3 peças) que eram representadas e
depois julgadas por um júri que escolhia o vencedor (a quem era atribuído um
prémio pecuniário e uma coroa de hera e, como sinal de reconhecimento, o seu
nome era inscrito nos registos de honra da cidade). Destes “concorrentes” destacaram-se
Ésquilo, Sófocles e Eurípides, com as suas tragédias, bem como Aristófanes, com
a comédia.
As tragédias, como obedeciam a um fim
religioso e cívico, tinham conteúdo moral e sublinhavam a sujeição do homem aos
deuses e aos seus desígnios. As comédias, mais “leves”, ridicularizavam a vida
pública, incitando ao riso e à boa disposição.
Um
cortejo solene transportava a estátua do deus para o recinto do teatro.
Todos
os teatros gregos eram instalados ao ar livre, geralmente nas vertentes de uma
colina que sustentava os degraus do teatron, os quais fechavam a orquestra
circular, onde o coro evoluía em torno do altar de Dionísio.
As
peças eram representadas ao ar livre, num espaço semicircular que aproveitava o
sopé de uma encosta. Os espectadores sentavam-se em bancadas dispostas em forma
de degraus e assistiam às cenas representadas na parte inferior do referido
espaço.
Na
orquestra os atores, homens, eram, normalmente, três e usavam diferentes
máscaras que variavam de acordo com o género das peças. O coro cantava, dançava
e dialogava com os atores durante a peça, era conduzido por um corifeu.
Ao
fundo da orquestra elevava-se a cena, separando as duas existia um pórtico com
colunas que constituía a decoração de um palácio ou templo.
Embora
não pudessem ser atrizes, as mulheres podiam assistir às representações
(agrupavam-se nos lugares mais altos).
Apesar
do caráter religioso da festa, o público manifestava-se ruidosamente: aplaudia,
assobiava, batia os pés.
No final do concurso procedia-se à avaliação e à
atribuição de prémios: em cada categoria eram atribuídos 3 prémios – ao poeta,
ao corego e ao protagonista – prémios que eram simples folhas de hera; só os
vencedores dos ditirambos recebiam uma trípode. Obviamente havia honorários.Imagens retiradas de:
http://teatroincrivel.blogspot.pt/2012/09/estrura-do-teatro.html
http://www.europaenfotos.com/atenas/pho_atenas_23.html
sombrasdetinta.blogspot.pt/2012/05/la-acropolis-vii-el-teatro-de-dionisio.html
http://www.maquettes-historiques.net/page169.html